segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Roteiro Fantasma celebra os 457 anos

Caminhada noturna e gratuita vai passar por prédios históricos do centro à meia-noite

Um grupo de admiradores do centro de São Paulo quer ser o primeiro a comemorar os 457 abis da cidade. Será uma festa aberta, mas muito particular. Eles reúnem à meia-noite de hoje na frente do teatro Municipal e saem em caminhada visitando prédios históricos e, dizem, mal assombrados. A caminhada é gratuita.
Nada de ir a construções que remetam às tragédias tão conhecidas do paulistano - como o incêndio do Andraus ou do Joelma ou o Castelinho da rua Apa, onde a família Guimarães dos Reis foi assassinada. A caminhada vai passar por seis prédios "famosos por histórias horripilantes, manifestações do além ", mas que não se saiba exatamente quem é o fantasma. "Nossa ideia é chamar atenção para o centro de forma divertida, mas com conteúdo", diz o guia turístico Laercio Cardoso de Carvalho.
Os relatos da loira sem rosto do Martinelli às correntes que se arrastam no Solar da Marquesa . Falam de gritos no Municipal e de passos na Biblioteca Mário de Andrade. "Aqui tem história de elevador subindo sozinho. Sobe te acompanhando andar por andar", diz o segurança  Francisco Peba, de 52 anos, funcionário do Martinelli há 19.

Havia até corpos no fosso do Edifício Martinelli 

Edifício Martinelli
Prestes a completar 20 anos no Martinelli, o segurança Francisco Peba lembra que uma vez ouviu uma voz numa sala quando apagava as luzes do prédio. Era meia-noite e meia. "A voz disse: 'tem gente trabalhando!'. Acendi, mas não tinha ninguém", conta.
Guiomar Terrabuio, de 63 anos, ascensorista do Martinelli há 22, fala das sensações: já ouviu passos, sentiu cheiro de perfume com o prédio vazio, arrepios..."Até evito falar, para não deixar a arquitetura em segundo plano."
Construído em 1929, o Martinelli foi de prédio luxuoso a cortiço vertical. "Os elevadores pararam, não tiravam o lixo. Havia até mortos lá", conta a historiadora Maria Cecília Naclério Homem, autora do livro o O Prédio Martinelli. Só foi recuperado nos anos 1970 pelo prefeito Olavo Setúbal. "O Martinelli marcou uma época, foi um orgulho para a cidade."

Imaginário

Carvalho promete não apenas levar os visitantes a prédios assombrados, como também explicar quem é o "fantasma ilustre". "Os fantasmas fazem parte do imaginário da cidade. Alguns nem são tão conhecidos, como a Madame Poças Leitão", diz referindo-se à professora de dança e boas maneiras que dava aula no prédio onde funcionou a Confeitaria Vienense, ícone da elite paulistana do início do século passado.
É para lá, aliás, que o grupo segue ao sair do Municipal. O prédio, chamado Edifício da Paz, fica na Rua Barão de Itapetininga e foi construído em 1913. "Não sabemos quem é o fantasma ali, mas sabemos que há manifestações", diz  o emrpresário Carlos Beutel, dono do restaurante vegetariano Apfel, que patrocina a Caminhada Noturna no Centro, realizada toda quinta-feira à noite. O grupo é o mesmo que está organizando a caminhada "caça aos fantsmas". "O tema é divertido, mas o assunto é sério. As pessoas não conhecem o centro", diz Beutel.
O apelo ao sobrenatural pode trazer resultados positivos e atrair mais caminhantes. "A crença em fantasma faz parte da cultura", diz o psiquiatra Frederico Leão, do Núcleo de estudos da Espiritualidade do Hospital das Clínicas. E a explicação para essas manifestações em prédios onde não houve registro de tragédias seria "apego" do espírito. "A ideia é que a pessoa estaria tão apegada àquele ambiente que não sai dele depois que morre", afirma. No trajeto, uma passadinha pela Câmara Municipal, "Ali é fantasmagórico" brinca Beutel. "Ali, o que menos assusta são as manifestações paranormais."

O Roteiro

TEATRO MUNICIPAL
> Entre histórias das óperas e peças que marcam o cenário do teatro, comemorado este ano, a caminhada noturna vai evocar os fantasmas que habitam o Municipal
> Endereço: Praça Ramos de Azevedo, sem número

EDIFÍCIO DA PAZ
> Antigo prédio da Confeitaria Vienense , o Edifício da Paz acumula histórias horripilantes de correntes sendo arrastadas. A lenda diz que são almas dos antigos funcionários da confeitaria que não se desapegaram do prédio
> Endereço: Rua Piratininga, 262

BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE
> Os organizadores dizem que a visita à biblioteca será mais por comemorar sua reabertura do que por um "fantasma específico" 
> Endereço: Praça Dom José Gaspar, Rua da Consolação , 94

EDIFÍCIO MARTINELLI
> Dizem que uma loira sem rosto assombra quem anda pelo edifício. Já houve caso de um funcionário agredir a encarregada pela limpeza por confundi-la com a fantasma ilustre
> Endereço: Rua Líbero Badaró, 504

SOLAR DA MARQUESA
> Não foi palco de nenhuma tragédia ou de torturas, mas é assombrado, dizem. Há relatos de correntes que se arrastam
> Rua Roberto Simonsen, 136

CÂMARA MUNICIPAL
> Nenhum fantasma conhecido. Mas dizem que há fantasmas.
> Endereço: Viaduto Jacareí, 100

Por Bárbara Souza
barbara.souza@grupoestado.com.br
Bibliografia: JORNAL DA TARDE, segunda-feira, 24/01/2011, pág. 4A



Resolvi postar essa reportagem do Jornal da tarde, por achar super interessante, pois adoro essas coisas macabras hahaha morro de medo, mas deve ser uma experiência legal para aprender um pouco mais das histórias da minha cidade ! 
Quero ir nesta caminhada um dia ! :~
Espero que tenham gostado. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário